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terça-feira, 1 de junho de 2010

QUE MAL HÁ?

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No seu livro “Ética” (livro V) BARUCH SPINOZA (Filósofo holandês 1632-1677) disse: “A felicidade não é o prêmio da virtude, mas a própria virtude; e não gozamos dela (felicidade) por refrearmos as paixões, mas, ao contrário, gozamos dela por podermos refrear as paixões (inclinações).” O que ele chama de paixões são afetos ou sentimentos causados em nós por coisas ou causas exteriores a nós e das quais somos receptores passivos.
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Concluo que ele disse que somos felizes não porque coibimos, proibimos as nossas paixões, mas ao contrário. É porque somos felizes que podemos coibir as nossas paixões. Por exemplo: é porque sou feliz por ser honesto que não me permito a desonestidade. E não o contrário. Ou seja, se a pessoa entende que a honestidade é algo que a faz feliz e justa, ela não se permitirá cometer atos desonestos. Por quê? Ora, se ser feliz é bom, por que deixar de viver feliz para ser desonestos? Faz algum sentido?
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E se o indivíduo se diz feliz, sorridente exatamente por ser desonesto? Nesse caso inverteria-se a causa da felicidade e o resultado seria o mesmo: a felicidade. Certo? Recorremos de novo a SPINOZA, ele fala de “causa inadequada”: “Somos causas inadequadas na paixão porque nesta somos determinados a fazer, sentir e pensar pela ação de causas externas mais fortes e poderosas do que nós”. Sendo o contrário disso, somos “causa adequada”.
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Avalio que pelo fato de não termos introjetado o valor honestidade é que se fica vulnerável às paixões desonestas. Desse ponto de vista justifica-se a inversão da causa aludida acima. Voltando a SPINOZA, é o que ele chama de “ideia inadequada” (a imagem que se tem sem saber a causa real da coisa e nem mesmo a causa real da própria ideia da coisa). Ou seja, o sujeito age a partir de ideias que ele não sabe a origem, a propriedade, a adequação. Mas isto dá a ele uma falsa impressão de felicidade. E isso deve bastar, não é? Parece.
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Eu estava na fila dos carros “bate-bate” no parque da Feira Agropecuária guardando o lugar de minha filha, domingo último. De repente apareceu uma cara de pau e pediu à criança que estava com ela que aguardasse na frente de “nosotros” enquanto ela ia comprar o ingresso. Aí mexeu no meu calo. Falei: “Que coisa feia, que exemplo pra criança”. Ao que ela, sem conter o constrangimento e o cinismo, disse que já estava ali e que eu estava reclamando sem razão. Mentira dela, pois já estava observando o andamento da fila há muito tempo.
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Tanto era mentira que ela saiu e se foi chateada, com raiva. Sem mais reclamar. Ela estava com raiva não de mim, mas de não ter se sentido feliz a partir da “causa inadequada”. Por não ter passado a perna nos da fila. Ela ficou com ódio porque não permitimos que ela se sentisse feliz por ter sido desonesta com “nosotros”. Que ódio deve sentir os que invertem a causa da felicidade, segundo SPINOZA, quando não conseguem ser desonestos, ou praticar a desonestidade.
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Logo em seguida ocorreu outro fato semelhante na mesma fila. Um sujeito que deveria ser acima de qualquer suspeita, pelo trabalho que executa, chegou sorridente e com cara de satisfação, me cumprimentou e perguntou se eu tinha tempo pra ficar em fila, pois ele não tinha e por isso conseguiu, sem que nós víssemos, pois os outros da fila também ficaram alertas depois do primeiro caso, colocar o filho na frente de todos os outros.
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Por mais vigilantes que sejamos eles sempre “dão um jeito” de nos passar a perna. Numa conversa sem entusiasmo comigo começou a reclamar dos muitos políticos que estavam visitando a Feira Agropecuária e contactando as pessoas. Chamou a todos de corruptos. É mesmo um cara de pau.
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Feliz, sorridente, satisfeito, afinal de contas o que importa se agiu desonestamente naquela situação tão simples. Não faz mal, foi só uma criança que está sendo educada pelo pai a cometer pequenos atos de “esperteza” que passou a perna em mais de uma dezena de pessoas. Que mal há nisto se ninguém viu? Que tolice a minha, não é?
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Afetada por tais paixões quando estiver adulta terá de reprimir a todo instante tais paixões para poder ser feliz porque o pai a ensinou que a vida é assim mesmo: “O mundo é dos mais espertos”, e o que importa é ser feliz. Não é mesmo?
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A indignação não vem do ato em si, uma criança furar a fila, mas do sentimento de ter sido achincalhado nos direitos mais comezinhos. A indignação vem da cara cínica de satisfação daquele que fez os outros de idiotas.
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Então, segundo SPINOZA, se sentirmos felicidade em sermos honestos não seremos capazes de atos desonestos. E muito menos teremos de ficar vigiando e desconfiando do filho a vida inteira com medo de ele exagerar na hora de buscar a “sua” felicidade, porque lhe foi ensinado que passar a perna nos outros traz felicidade, alguma felicidade.
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- Toc, toc, toc! Olá! Tem alguém em casa? Aqui é a polícia.
- Querida, deve ser sobre a felicidade do nosso filho!
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Um comentário:

Anônimo disse...

Agora fiquei preocupado com a pesquisa que saiu no noticias de floriano sobre os candidatos a dep estadual dos 4 o irmao do prefeito ta empatado ocm gilberto jr um cara que nunca disputou nada na frente de politicos que ja tem bagajem é lamentavel que floriano vá votar em massa nele pois tudo se encaminha pra isso vão elger um homem que nao sabe nem falare direito é brincadeira essa cidade