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sábado, 19 de junho de 2010

CUSPINDO DEMOCRACIA.

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Penso que terminei o texto, mas ainda precisa de reparos e correções. Vou voltar depois.
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"Das ideias."
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Qualquer ideia que te agrade,
Por isso mesmo... é tua.
O autor nada mais fez que vestir a verdade
Que dentro em ti se achava inteiramente nua... (MARIO QUINTANA).
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Ah! democracia, como és incompreendida, mal compreendida, rejeitada. Mesmo depois de ter sido inventada pelos gregos Antigos até hoje não és aceita por alguns. Como se tornou um valor predominante e é através de ti que se define e decide a convivência social e seus mecanismos de relacionamentos, e é só contigo, tomada como meio para o exercício do poder ou de algum poder, que um grupo social tem a chance de dá rumos diferentes daqueles que discordam. Mesmo que os novos rumos te levem para o calabouço. Pelo menos aqui entre nós seria um contra-senso, mas uma possibilidade paradoxal que alguns desejam, e muito, empreender-te.
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Um poeta às vezes diz apenas o que as suas palavras quiseram dizer. Outros permitem várias interpretações sobre aquilo que foi dito. Sabendo disso, interpreto, grosso modo, assim o poema acima.
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Penso que democracia não é algo que se pode carregar como um objeto que se tem, e do modo contrário, não se carrega porque não se tem esse objeto. Democracia não existe independente de nós. Sua existência, seu significado, sua importância somos nós que a emprestamos. Em busca do poder criamos mecanismos para conquistá-lo, desde os mais toscos (violência física e simbólica, mentiras, arrogância, desrespeito, imposturas...) aos mais refinados (trabalho, sinceridade, formação, informação, competência, dignidade, verdade, honestidade...).
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Então, alguém não é democrático porque encheu a boca com a palavra democracia e anda por aí, aos moldes do personagem de quadrinhos Bob Cuspe, demonstrando seu apreço ou nojo por ela, não. Ela, democracia, é resultado de uma construção interna de valores que passa pelo respeito a ela e as regras que possibilitam a sua existência. A internalização do valor nos torna democráticos. A utilização desse valor apenas como meio de se conseguir objetivos se revela como verdade nua escondida mais cedo ou mais tarde.
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Vista como objeto que se pretende carregar, mesmo a contragosto, denota que a verdade que dentro de si estava nua fora embelezada, maquiada e bem vestida como quem vai a uma festa enfadonha e formal apenas para cumprir “obrigações sociais”. Em casa, a pessoa, já de volta, tira a roupa e lava o rosto. Então se olha no espelho e diz para si mesma: “enfim, tornei à realidade.”
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O espírito da democracia política surgiu a partir da luta dos subalternos insatisfeitos com a condição de ininterrupta subalternidade. Encontrados os conceitos que atendiam parte a parte os interesses possíveis instalou-se no "demo" a "cracia" em vista de uma organização social mais justa, ou menos injusta.
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Sou democrático quando a minha ação é democrática com o objetivo de agir democraticamente. Encher a boca de democracia para cuspi-la aos borbotões indiscriminadamente é tratá-la como objeto que existe independente de nós. O humorista RENATO ARAGÃO ainda faz isso, só que com farinha. Ele adora sujar os companheiros de cena falando com a boca cheia e soprando no rosto deles. Mas ele não engole nunca a farinha, talvez uma gastrite ou úlcera ou coisa parecida o impeça. É algo que ele coloca na boca só para fazer graça, chacota com os outros.
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Ele não engole aquele troço, não. Há alguma coisa dentro dele que o impede de engolir. Uma coisa que provoca dor, insatisfação, incômodo ou o faz adoecer, talvez. Mas para gravar a cena e, enfim, fazer graça ele se arrisca com ela (a farinha) na boca. E como é ele quem manda no programa e também escreve a maior parte das cenas quem não topar fazer o que está escrito pode até ser retirado do programa e tornar-se seu inimigo (veja o caso da separação dos Trapalhões que além do dinheiro as divergências se deram também neste aspecto).
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Quem não gostar de farofa na cara que faça o favor de sumir da frente. Quem não gosta de farofa na cara não pode viver perto de quem anda com a boca cheia de farinha, assim pensam aqueles que tratam a democracia como um objeto que pode ser posto embaixo do braço para ser exibido como um bibelô.
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