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quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

DOIS EM UM.

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Desejo a todos os leitores e amigos do meu Blogue um ano novo DEZ. Desejo também saúde para que todos possam se esforçar mais ainda e atingir os objetivos deste novo ano. Festejem a tudo que vale a pena e suspirem pelo que virá. Um abração laico e até 2010.
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Alguns dizem que mudo as minhas definições dos atos políticos que ocorrem em Floriano. É um erro, um erro resultante do modo de pensar e dizer os fatos. O pensamento de base metafísica diz que existe uma realidade apartada da linguagem e por isso ela (realidade) seria fixa, imutável, independente da descrição que possamos fazer dela. É o pensamento metafísico.
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Esse pensamento estrutura uma forma de ver os fatos que, na nossa relação com eles (fatos), só poderia ser explicado com base em causas inalteráveis. E, assim, o tempo passaria e as coisas continuariam a ser explicadas da mesma forma indefinidamente. Que implicações práticas desejam aqueles que sustentam essa interpretação? Depois de ponderar a partir das possíveis implicações consideram apenas o valor das consequências e as probabilidades altas de lhes trazerem benefícios individuais, particulares.
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O argumento usado contra mim – que nenhum tem coragem de escrever, mas que vivem dizendo alhures – não é para apoiar o que vou dizer, mas para induzir as pessoas a equívocos. Esses criticastros associam à incoerência, e com isso desejam a invalidação daquilo que digo, as redescrições que faço (grosso modo) dos fatos e das conjecturas políticas.
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Há coisas que podem ser descritas e não podem ser redescritas. E há coisas que podem ser descritas e podem ser redescritas. Exemplo: todo corpo que possui massa é atraído gravitacionalmente para o centro da Terra. Passe o tempo que passar essa descrição do fenômeno será sempre assim.
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Quando a água é aquecida pela radiação solar evapora, a certa altura ela se condensa e depois se precipita, diz-se, então, que chove. Até aí, muito sucintamente, estamos no campo do que não cabe uma redescrição. Mas quando se descreve as péssimas condições em que se encontra a cidade e suas ruas, pelo fato de ter chovido muito, aí sim, já estamos no campo do que pode ser redescrito.
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Não são as chuvas que criam as péssimas condições das ruas com mato, com lixo, com buracos..., mas tão somente o descaso administrativo substanciado pela incompetência. E é aí que entro com minhas redescrições que os criticastros chamam de definições – nada contra a palavra definições. As descrições para o descaso substanciado pela incompetência, já foram feitas a partir da culpa de Deus, das chuvas, da crise financeira mundial, e, por último, pela idade dos calçamentos. E eu é que sou frívolo.
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As redescrições surgem, também, quando as descrições não dão mais conta de explicar o fato. Isto é uma coisa que como nas teorias científicas que não sendo mais suficientes àquilo que foram propostas são substituídas por outras que dão conta de forma mais completa, ou correta do fato.
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Mas voltemos aos fatos políticos. Há cerca de trinta anos foi implantado um modelo de administração pautado em princípios que visam à manutenção de certos privilégios para uns poucos: nepotismo, patrimonialismo, compadrio, personalismo... E como se conseguiu a manutenção desse modelo ao longo do tempo? Isto já é de domínio público.
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Semana passada, eu estava na Áudio Vídeo Cidade escolhendo um filme para assistir. Um cidadão me cumprimentou e começou a falar, segundo ele, da vergonha que é a ação judicial do prefeito contra mim. Mas, “deixa para lá”. E ele começou a falar dos motivos que têm levado a cidade a esse estado de coisas. Ele disse que basta um prefeito cooptar 30% dos eleitores através de favores, empregos, facilidades... e manter esses eleitores “fiéis” a ele que não há como perder eleição. Depois, basta torcer, ou promover o surgimento de dois, três candidatos de oposição. Votos divididos, aquele que está no poder, mantendo seus 30%, será reconduzido ao poder.
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Ele continuou dizendo que não adianta fazer nada. Que ninguém vai romper esse “esquema” que vem perpetuando alguns grupos no poder. Enquanto não houver uma política de criação de empregos e fomentação ao emprego e renda através de projetos sérios, os 30% se manterão fiéis àqueles que lhe possibilitarem as condições de fidelidade. Eu penso que se cada um fizer alguma coisa contra esse modelo em breve nos veremos livres dele. Eu faço o que posso redescrevendo o comportamento político para mostrar em que podemos melhorar a vida na cidade para todos.
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Há pessoas que justificam essas ações (as justificativas para o descaso substanciado pela incompetência) dizendo que todos diante de uma oportunidade de exercer o poder agiriam de maneira a formar um “pé-de-meia” (termo do cidadão). “É comum, é normal”. Causa e razão para a ação estariam em campos distintos. Primeiro a pessoa viu a oportunidade. Seus olhos impressionados levariam a informação ao cérebro que o orientaria a agir seguindo o modelo tradicional de formar o “pé-de-meia”.
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Essa justificativa nos leva a uma sequência “natural” da ação a partir de causa separada da razão para praticá-la. Mas há um outro jeito de descrever esse modus operandi: o sujeito viu a oportunidade de exercer o poder. Sabe que pode tirar proveito disso e fazer o seu “pé-de-meia”. Nesta segunda situação coloquei o mesmo exemplo, mas causa e razão estão juntas e significam a mesma coisa. “Mas espera aí, é tudo igual”, pode-se argumentar. Eu penso que não.
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No primeiro exemplo a causa separada da razão tenta justificar a ação através da “naturalização” da ação. O argumento: “Todo mundo age assim”. Desse modo outra pessoa não agiria de maneira diferente. Ela seguiria uma dita “natureza humana” e, assim, faria a mesma coisa. A causa dessa prática não poderia ser mudada. A causa é uma e a razão é outra distinta. Então, “não poderíamos fazer nada”, como me disse o cidadão. Mas há entre os dois exemplos uma diferença marcante. Chego a dizer, radical.
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No segundo exemplo a causa e a razão (estão juntas) são a mesma coisa porque se explica a partir do Ethos (costume) da sociedade. E, assim, a pessoa segue o mesmo modelo em virtude de princípios morais similares. Pois haveria uma tal universalização moral. Causa e razão é a flácida formação moral que leva o indivíduo a utilizar o que é de todos em proveito próprio. No entanto, não há o que determine esse comportamento como sendo inescapável a todo ser humano.
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Na verdade há uma confusão na justificação onde se misturam esses dois modos de ser humano. E a confusão é propositada. Pensar, falar, andar, comer, dormir, são coisas comuns a todos os humanos. Vivam onde viverem. Isto é parte do modo comum e inalterado de ser humano. Compõe aquilo que muitos chamam de “natureza humana”. E a diferença vem do fato que política é uma PRÁTICA humana.
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Sem humanos não há política. Se há política e ela é praticada de um jeito e não de outro é porque a fazem assim e não de outro jeito. Se for corrupta é porque a praticam corruptamente. Se for honesta é porque assim a praticam. Não tem esse negócio de inescapável, não. Então, o primeiro exemplo é forçado em termos de “naturalização”. O segundo está no campo do ethos.
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Os que defendem esse modelo cometem uma ação intencional para justificar os desmandos. Essa intenção vem do fato de alguns indivíduos que desejam fazer o “pé-de-meia” acreditarem que isso é “natural”. Apostam para isso na desinformação ou pactuação dos 30% ou mais de eleitores. Esses 30% ou são desinformados, ou pactuam com os desejos e crenças daqueles que veem a política como meio de fazer o “pé-de-meia”?
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Pensando assim, por causa e razões, e conhecendo (e estando ao lado) as pessoas que podem fazer política como uma prática humana honesta, temos como analisar as consequências de uma e outra maneira de se fazer política. Desse modo causa e razões são motivadores da ação e devem ser vistos como pares da ética e não de uma suposta “natureza humana”, ou de um tal ethos evocado para justificar os projetos individuais, particulares. Mesmo que elas (causa e razão) sejam usadas para justificar as finalidades deles, o que contraria a ética da sociedade, pois ela (ética) é para todos. Caso contrário teríamos uma ética para cada grupo social.
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As descrições que possuem causas que não se alteram não há como redescrevê-las. Mas as descrições cujas causas podem ser modificadas levam consequentemente a redescrições. Fazer política está no campo das causas que levam a redescrições. Portanto, a confusão que querem criar e levar os incautos ao equívoco está em passar uma rasteira na capacidade crítica e inverter as causas dos fatos políticos com aquilo que está no campo da “natureza” para poder fazer o “pé-de-meia”. É aí que querem chegar com as finalidades. Essas são as consequências ponderadas e prováveis dos criticastros.
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É contra tudo isso que luto. E as minhas finalidades se tornam claras a partir do momento que deixo tudo isso exposto para todos. Caso não fosse, que sentido teria a exposição do modelo se eu tivesse apenas interessado em fazer um “pé-de-meia”? Eu ficaria calado só esperando uma oportunidade. Chega disso é hora de os cidadãos de bem reagirem. E quem for contra ao que disse aqui, não tem problema. O porcentual, se quiserem, pode subir para 31%, 32%, 33%...
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Um comentário:

Chico Mário Feitosa disse...

É Prof. Jair, só faltou o sr. dizer que os calçamentos de Floriano são do tipo "sonrisal"
abcs!