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segunda-feira, 17 de agosto de 2009

AMARELO-JOREL.

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Tá, tá amarrado, tá tudo amarrado.
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AMARELO-JOEL.[1]
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Como bem indica o nome do editorial vamos falar de PERSONALISMO na política local. O termo personalismo ficará restrito à ação política de um governante que imprime a sua personalidade como forma de identificação da sua passagem pelo poder. Não me referirei às doutrinas filosóficas que receberam esse nome.
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Em nossa cidade temos convivido ao longo dos anos com projetos políticos que se evidenciam não pelo o que realizaram como projeto político, como realizações das necessidades de nossa cidade e dos cidadãos, não como objetivos explícitos e comuns, mas como forma de deixar registrado no inconsciente coletivo que político tal foi prefeito da cidade. Isto é evidenciado pelo grau de referências que algumas pessoas fazem a obras tais e quais como sendo feitas por este ou aquele prefeito. Porém, o que é mais relevante nisso tudo é que essas mesmas pessoas não são capazes de dizer se as obras foram feitas por uma necessidade da comunidade ou por conveniência da marca a ser impressa. Por não sentir na obra realizada uma necessidade na sua utilização é que também as pessoas não valorizam a coisa pública, então depredam, picham, destroem. A obra atende à necessidade de construção de algo que marque a presença do administrador. Há muito tempo vem sendo assim, somos governados por políticos personalistas.
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Nos últimos anos estamos vivendo a etapa não de construção, mas da maquiagem do que já existia. Os prédios públicos são transformados em rótulos, emblemas, símbolos que fazem referência ao personalismo do prefeito. Na administração passada a cor desse personalismo era o verde. Na atual administração estamos vivendo a era do amarelo. São cores da nossa bandeira, que só pelo simbolismo deveriam fazer referência à nossa cidade, mas que estão sendo utilizadas para personalizar as administrações.
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Mas o que há de mal nisso? O que há de mal em pintar os prédios públicos, fardamentos públicos com a cor amarela? O personalismo é a prática política em que se pretende mostrar que a cidade tem a cara do prefeito. Como todos sabem que ser prefeito é um cargo público, que alguém é eleito para administrar a cidade com objetivos comuns aos cidadãos, então o prefeito é que deve ter a cara da cidade. O prefeito deve espelhar o conhecimento de todos os problemas da cidade, o prefeito deve ter uma visão de mundo que lhe permita julgar essa realidade e formular um projeto para transformá-la, como bem disse Roland Corbisier.
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O mal do personalismo, no nosso entendimento, é que ele possui na sua gênese, na sua origem dois objetivos: o primeiro é que se pretende imprimir uma marca para que o político seja perpetuado através de um símbolo (no caso a cor amarela) para a sua continuidade na luta pelo poder, para a formação de oligarquias, aqui vale ressaltar que lutar pelo poder não é errado, mas é ilegítimo pretender a eternização, porque ser o eterno prefeito atende a interesses particulares e não coletivos. O segundo objetivo, que também atende a um desejo estritamente pessoal, trata de realizar ações para mostrar uma certa destreza na área de administração da coisa púbica. Aí, o que a cidade realmente necessita é deixado de lado e o que é feito atende à emergência da identificação, porque quanto mais obras com o símbolo do prefeito mais ele ficará na lembrança dos eleitores. É assim que pensam.
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Como dissemos anteriormente, a administração pública deve ter a cara da cidade, deve ter como marca a realização dos anseios e necessidades da cidade. Portanto, o símbolo, a marca da administração deve ser a geração de emprego, a socialização dos bens culturais, a educação de qualidade, a saúde digna, a moradia minimamente razoável, e outras tantas necessidades de nosso povo. O símbolo que o político personalista procura imprimir não leva em consideração nada disto, o que é levado em consideração é o desejo de deixar de forma indelével a sua passagem marcada pela prefeitura. Nem que para isto seja necessário pintar a cidade inteira de amarelo.
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Enfim, o personalismo na política procura realizar o que deseja, anseia e necessita o político que executa esse modelo de administração. Será que daqui a alguns anos estará registrado na história política de Floriano uma administração que erradicou o analfabetismo, diminuiu o desemprego, facilitou o acesso aos bens culturais para toda a população, que proporcionou uma saúde de qualidade, que foi buscar recursos para a construção de casas para as pessoas que necessitam, e outras tantas necessidades amplas e restritas, ou a história registrará que neste período que estamos vivendo agora houve um prefeito que resolveu por sua deliberação, por sua própria escolha fazer o registro, puro e simples, da administração amarelo-joel?
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[1] Texto escrito em: 05.09.2005., para ser lido como Editorial na Rádio Santa Clara AM no Programa Café da Manhã, apresentado (na época) por RIBAMAR DOS SANTOS.
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