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quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

SERES ESPECIAIS?

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O didatismo perceptível nas repetitivas e sensacionalistas reportagens sobre a catástrofe em Santa Catarina nos leva inevitavelmente a uma conclusão: não somos especiais coisa nenhuma.
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A natureza é um ser em si e por si. Não depende de mais nada para ser como é. Não depende de nós para agir de um jeito ou de outro. Ela simplesmente age. A forma como ela reage às agressões é independente aos nossos desejos e objetivos.
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Nosso ultrapassado antropocentrismo nos faz sentir a sensação de superioridade e especialidade. O pensamento superticioso, mágico interpreta a natureza como um ser controlado e responsável pelos castigos que podem ser infligidos a nós por um ser superior por agirmos em desacordo com suas leis.
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A natureza deixou de ser mágica quando os modernos mostraram que seu funcionamento se dá através de leis universais. A Física (mecânica), a Química, a Matemática, a Filosofia tiraram a magia do mundo fantasioso. Hoje não entra na cabeça de nenhum ser racionalmente equilibrado que um raio seja um castigo dos deuses, ou Deus. A realidade deixou de mágica quando tudo (ou quase) passou a ser explicado racionalmente.
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A natureza simplesmente é como é. Age como age. E nós somos apenas um conjunto de seres viventes dentro de sua imensa capacidade de criar vidas. Somos frágeis. Muito frágeis. Qualquer atitude mais brusca pode tirar a nossa vida. Até mesmo cair de uma calçada e bater com a cabeça no chão.
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Estamos sujeitos às intempéries da natureza e contra elas quase nada podemos fazer. O didatismo poderia ser entendido na forma de uma mensagem implícita que poderia ser decifrada toda vez que atingidos pelas intempéries aprendéssemos que a natureza não está nem aí para nós. E que ela possui as suas próprias leis de funcionamento. E que não há nada, absolutamente nada controlando ou conduzindo o seu funcionamento além dela mesma e seus princípios.
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Quando esse planeta maravilhoso começou a reunir as condições para a existência das formas mais elementares de vida nós nem estávamos "programados geneticamente". Nem pense nisso. Mas os milhões e milhões de anos foram seguindo e a natureza conduzindo a sua existência e as formas de vida se tornando mais complexas. Até que surgimos como espécie.
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Qual a razão para imaginarmos que somos especiais se antes de nós já existiram, por milhões de anos, formas de vidas que, de uma forma ou de outra, também exerceram "controle" sobre a natureza e os outros seres?
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Temos uma indisfarçável propensão para a curiosidade. Diante daquilo que não temos condições técnicas, tecnológicas para explicá-lo não nos satisfazemos de não saber. Procurando uma resposta, os menos qualificados se apressam e buscam na imaginação uma resposta rápida e satisfatória para as inquietações.
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Criam o sobrenatural, o mágico, o além da natureza. E se satisfazem, e ficam presos a essa imaginação que os impedem de agir, de sentir, de falar, de pensar. Tudo vira proibido, vira pecado. Impedimentos obscuros que não permitem o homem ser quem ele realmente é - um pouco de NIETZSCHE.
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Esse mundo mágico e organizado com regras e punições àqueles que não se adequam está cada vez mais radical. Está cada vez mais limitado e controlado por uma maioria superticiosa e intransigente que não permite às novas gerações viverem, pensarem, sentirem, agirem numa realidade sem supertição ou magia. Ninguém pode ser capaz de dizer que não é superticioso ou que não tenha uma cabeça mágica.
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Por isso, pelo controle através dos meios disponíveis (família, escola, meios de comunicações, religiões, empresas...), fica cada vez mais difícil não acreditar que a natureza está nos punindo por não estarmos obedecendo as leis morais instituídas por nós mesmos através de livros antigos escritos por homens. Aí daquele que não pensa assim.
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Mas a natureza está apenas se manifestando de acordo com as condições em que ela se encontra. Deveríamos aprender alguma coisa com isso.
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