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quarta-feira, 12 de novembro de 2008

A BELA MORTE DE PLATÃO DE BRASÍLIA - IV.

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Então, ele trabalhava e morreu. SÓCRATES, um ateniense antigo, foi levado a julgamento e condenado à morte. No livro “Platão: Diálogos”, São Paulo: Hemus, 1981. na teceira parte “Depois da Condenação”, p.78, SÓCRATES fala sobre o que é a morte para ele, segundo o entendimento comum em sua época.
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Aqui inverterei a ordem para atender meus objetivos e adequar aos meus princípios sem prejuízo do pensamento de Sócrates. “Morrer é um bem. Morrer é uma destas duas coisas: é uma espécie de mutação e migração da alma deste lugar para um outro.” Neste outro lugar haveria para o morto a oportunidade de encontrar todos os amigos, heróis, justos, honrados, sábios, isto, segundo SÓCRATES, o faria desejar a morte “não apenas uma vez”, “se isto for verdade”.
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A outra coisa seria: “...não ser mais nada e quem morreu não tem sentimento de mais nada, ... e é como um sono sem sonhos, é um ganho maravilhoso, a morte. Se é isso, então digo que ganho, ainda porque a própria eternidade da morte não parece realmente mais longa que uma única noite.” Morrer seria passar uma noite eterna dormindo sem sonhar.
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Esta ultima opção está mais de acordo com minha maneira de ver as coisas. A morte é a ausência da vida. Não há nada a temer já que as duas não podem coexistir, como diria DEMÓCRITO DE ABDERA.
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Quem vive não experimenta a morte e quem morre não há com sentir a vida. Se é verdade que eu estava morto, no sentido de não existir, não estar vivo, antes da espécie humana evoluir, e se um dia voltarei à mesma condição, ou seja, deixarei de existir, então viver é apenas um momento de interrupção da morte.
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O que deverei fazer? Como que pressentindo que ele estava caminhando para a morte tive uma conversa com ele. E eu lhe disse: Não se preocupe, sua existência foi gloriosa. Valeu a pena você ter existido, pelo menos para mim. E eu preservarei a sua existência.
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Você conseguiu existir ao invés de milhões de outras possibilidades de vida. Teria, então, que dá algum sentido à sua existência. E fazer eu gostar tanto de você já valeu a pena ter existido.
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E ele com seu olhar carente e ao mesmo tempo desconfiado olhava para mim como quem entendia tudo. Viver é dar sentido à existência. Segundo nossos valores, estudar, trabalhar, ter filhos, construir um nome, procurar sempre viver honradamente é o que acredito dar sentido à existência.
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Platão de Brasília não deixou filhotes, mas a sua vida não terá, certamente, sido em vão. Como tantos outros por aí.
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Então, tenha uma eterna noite de sono. Durma tranqüilo, meu amigo.
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