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sábado, 18 de outubro de 2008

AMOR ERÓTICO - II.

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É claro que amor erótico não se refere, pelo menos aqui, àquilo que vemos nas prateleiras de "Filmes Eróticos" (pornôs) das vídeos locadoras. Como já falei sobre a origem da palavra.
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O que quero dizer é o seguinte: imagine que a posição de quem tem valores diferentes dos nossos seja apresentada, ou defendida como sendo a melhor. O que algumas pessoas podem pensar desse confronto de valores é que estamos vivendo uma época de niilismo. Veja o que diz a dupla autora da música sobre o que é e como deve ser o amor erótico:
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Se esse amor
Ficar entre nós dois
Vai ser tão pobre amor
Vai se gastar...
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Se eu te amo e tu me amas
Um amor a dois profana
O amor de todos os mortais
Porque quem gosta de maçã
Irá gostar de todas
Porque todas são iguais...
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Se eu te amo e tu me amas
E outro vem quando tu chamas
Como poderei te condenar
Infinita tua beleza
Como podes ficar presa
Que nem santa num altar...
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Quando eu te escolhi
Para morar junto de mim
Eu quis ser tua alma
Ter seu corpo, tudo enfim
Mas compreendi
Que além de dois existem mais...
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Amor só dura em liberdade
O ciúme é só vaidade
Sofro, mas eu vou te libertar
O que é que eu quero
Se eu te privo
Do que eu mais venero
Que é a beleza de deitar...
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Assim, o amor erótico que possui outras características (algumas citadas na primeira postagem) não permite que alguém possa amar como o personagem da música ama. É um absurdo. É uma loucura, dirá aquele que se apoia nos valores que definem o amor erótico para a maioria das pessoas.
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E se fizermos uma análise levando em consideração um pouco do niilismo que acomete os humanos pós-modernos? Vamos testar com a notícia que anuncia para NOVEMBRO a primeira parada gay de nossa cidade.
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Muitos estão alarmados e incrédulos com a novidade. Sobre o slogan da prefeitura de Floriano já disse que nem tudo que é novo presta. Somos reticentes, normalmente, diante do que é novo, mas quando esse novo se estabelece passamos a con-viver e conhecê-lo. Vamos aos poucos nos acostumando com a sua existência.
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Se concordamos ou não, é outra história. O alarde deixa de existir, o inusitado que assusta deixa de ser notado, e aí a coisa se torna normal pelo fato de existir e mostrar que existe. O Filósofo estadudinense RICHARD RORTY analisou e propôs uma Revolução Semântica como forma de ultrapassarmos alguns preconceitos e desejos de conservação de um determinado estado de coisas.
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Modificar o nome das coisas para melhor nos relacionarmos com elas seria o primeiro passo. Palavras com uma carga emocional (WESLEY SALMON) negativa tendem a tornar a coisa mais difícil de ser aceita. Segundo PAULO GHIRALDELLI a solução seria, no caso dos gays, trocarmos palavras como "viado", "bicha", "coisa do diabo"... por palavras que tornassem o enfrentamento da coisa (tomar consciência que existe e que não podemos negar a sua existência) mais possível de ser aceito.
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Veja a quantidade de palavras novas com uma carga positiva de emoção e sentimento que foram criadas para se fazer referência aos antes "viados", "bichas", "coisas do diabo". Essas palavras têm o poder de modificar as nossas posturas diante das coisas, segundo RORTY. Pode não se "aceitar", mas que muita coisa negativa deixa de ser usada como referência, isso é verdade. Melhora as relações, sim. E viva, nesse cado, a Revolução Semântica.
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Mas se os empedernidos não se envolverem com a revolução dos valores decorrentes da revolução semântica, como podemos julgar as suas posturas? Estão certos eles, ou os que assimiliram a revolução de valores? Eles dirão que a verdade está do lado deles e encontraram as mais ultrapassadas bengalas para se apoiarem: a tradição, a moral de antigamente, a bíblia...
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Do lado dos gays e simpatizantes de suas causas dirão que a nova realidade se afirma a partir do momento que a sociedade entender que o exercício do direito de existir como são e gostam de ser é INALIENÁVEL. Sou simpatizante porque não vejo porque negar aos gays o direito de ser quem são. Assim como afirmo de maneira muito enfática, clara, acerba quem sou e o que penso, "Como poderei te condenar"?
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E se utilizarmos outra dimensão social para testar o raciocínio? Se sou contra (porque meus valores dizem que estou certo) quem rouba no exercício da administração pública? E se quem rouba disser que está certo e que todo mundo faz assim?
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